Cães com lesão em medula espinhal participam de pesquisa com células-tronco na PUCPR
O Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUCPR avaliou, na última quinta-feira (05), aproximadamente 50 cães com paraplegia (paralisia das patas traseiras), perda da sensibilidade e do controle da micção (emissão de urina), decorrentes de hérnia de disco ou fratura vertebral, que irão participar de uma pesquisa com transplantes de células-tronco. Agora, o estudo irá dividir os animais em três grupos: o grupo A receberá apenas células-tronco; o grupo B receberá eletroestimulações. Por fim, o grupo C receberá células-tronco mais a eletroestimulação. O objetivo é verificar se os animais recuperarão a sensibilidade, movimentos e o controle da micção.
De acordo com os coordenadores da pesquisa, José Ademar Villanova Junior e Carmen Lúcia Kunyoshi Rebelatto, os problemas neurológicos são muito frequentes e muitas vezes deixam graves sequelas. “Os tratamentos tradicionais incluem o uso de anti-inflamatórios e procedimentos cirúrgicos. Neste estudo avaliaremos os efeitos do uso de células-tronco e da eletroestimulação que já usado inclusive em pessoas. O diagnóstico das lesões será por exames neurológicos, de imagem e por cistometria”, explica Villanova.
Antes da realização dos transplantes, os cães passarão por exames laboratoriais e testes cistométricos, que servem para aferir a capacidade de preenchimento e esvaziamento da bexiga urinária. “Já a sensibilidade e motricidade serão avaliados por exames neurológicos e de eletroneuromiografia”, comenta o coordenador da pesquisa.
Serão utilizadas células-tronco adultas extraídas do tecido adiposo (gordura) de cães que participaram da campanha de castração promovida pelo Hospital Veterinário da PUCPR em 2015 (mediante a autorização de seus proprietários). Portanto, o tratamento é com células-tronco alógenas, quando são da mesma espécie do transplantado, mas não do mesmo indivíduo que as recebe.
Hérnia de Disco
A hérnia de disco intervertebral mais frequente em cães é a do tipo I de Hansen, ela se caracteriza pelo deslocamento do material interno do disco intervertebral (núcleo pulposo) para dentro do canal vertebral, aonde se encontra a medula espinhal que possui fibras motoras e sensitivas, similar a uma fiação elétrica. “Se algo comprime esta fiação o comando ou captação de sinais fica prejudicado ou deixa de existir, causando paraplegia (perda da motricidade nas patas traseiras), perda da percepção dolorosa e do controle da micção”, complementa o coordenador da pesquisa.
Considerada uma doença neurológica bastante comum em cães, a hérnia de disco atinge principalmente a região toracolombar da coluna vertebral, e é mais frequente nas raças Dachshund, Lhasa Apso, Maltês e Shih Tzu. Eles são mais suscetíveis por apresentarem a coluna vertebral proporcionalmente mais longa em relação aos membros (braços e pernas). Dentre essas raças, a Dachshund é a mais propensa. Estudos apontam que 20% desses animais têm, tiveram ou terão hérnia de disco. A idade em que a doença mais aparece é entre os 3 e 6 anos. Pesquisas também mostram que 27% dos cães que já tiveram hérnia de disco terão novamente entre seis meses a dois anos da primeira ocorrência.
Fonte: PUCPR
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